2008-01-15

pra quem brinca co fogo

É corrente na oralidade usar uma forma sincopada da preposição para: pra mim, prà frente, pròs amigos, pràs colegas.

Querendo reproduzir este jeito oral na escrita, há muita e bem intencionada gente que insere um apóstrofo depois do p a fim de indicar a supressão da vogal. Nada de mal nisso: não se perde o entendimento do enunciado e, numa democracia, cada qual tem a liberdade de escrever como queira, ao contrário do que muito caceteiro que por aí anda desejaria.

No entanto, de acordo com as regras da ortografia lusitana:

"Não se emprega o apóstrofo: [...] c) na forma sincopada pra (= para) e nas contracções dela com o artigo ou pronome o, a, os, as: prò, prà, pròs, pràs;" - Instruções para a organização do Vocabulário (...), que foram aprovadas pela Conferência de 1945.

Ora, admira que uma suposta especialista na matéria desconheça esta regra explícita com mais de meio século de existência e escreva:

"Qual o português, nascido e criado em Portugal, que não reconhece (...) botar p'ra quebrar? "


Sobretudo, depois de ter escrito o seguinte:

"quem desconhece a ortografia desconhece, em grande parte, a estrutura da sua língua materna em diferentes domínios"


Ana Cristina Sousa Martins, de sua inteira graça, além de biscatear no semanário Sol e no site ciberduvidas.sapo.pt, onde se compraz com distribuir cacetadas, é doutorada (!) em linguística.


Cf. o currículo da senhora.

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