André Rocha, advogado da Figueira da Foz, pediu ao ciberduvidas.sapo.pt um esclarecimento sobre o neologismo hipotizar. O senhor F.V.P. da Fonseca, antigo professor de português do Colégio Militar, respondeu o seguinte:
"Hipotizar, para já, está errado na grafia, pois teria de ser hipotisar, derivado de hipótese, e portanto naturalmente com s. Mesmo com a ortografia acertada, hipotisar é, de facto, um neologismo que certamente, daqui a algum tempo, os dicionários começarão a registar, por ser perfeitamente compreensível; mas cuidado no emprego do s, pois com z não se pode admitir."
Não há razão para acolher o apressado parecer do douto opinador no que tange à grafia do vocábulo.
É verdade que hipotizar está de algum modo relacionado com hipótese. No entanto, se o nosso douto senhor Fonseca tivesse pensado um instante que fosse, teria reparado que TODOS os verbos terminados em -isar provêm de bases vocabulares em que esse -i- já lá existe. Assim, por exemplo, avisar, de avIs(o) + ar. Não há excepções a esta regra ortográfica, pois em português convencionou-se que não há nenhum sufixo que se grafe *-iSar, mas sim apenas
-iZar. Em analisar, avisar, etc., o que há é um sufixo -ar.
É esta até uma das normas fundamentais da ortografia oficial portuguesa, distnguindo-se ela neste particular da ortografia oficial francesa, onde sempre se escreve -iSer. Assim, onde o português tem organiZar, realiZar, a par de analiSar, viSar, etc., o francês simplifica em organiSer, réaliSer, harmonizando deste modo as terminações com as de analyser, etc.
De modo que, no seguimento da argumentação do nosso já não tão douto opinador, talvez pudéssemos ter hipotEsar (hipótes(e) + ar), mas nunca *hipotIsar.
Como explicar então este hipotiZar em português? É o que veremos no próximo post.
2008-01-13
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment